quinta-feira, 14 de maio de 2015

Revirando o baú de memórias - 1

Outro  dia me peguei devaneando sobre coisas que me marcaram durante minha infância e adolescência. Coisas simples, expressões, percepções, a maneira como um objeto era visto. 

Um exemplo: quando ganhei meu primeiro livro, junto veio uma recomendação do meu pai para que o tratasse com muito cuidado pois livros eram preciosos. Ficou gravado pra sempre. Livros são, mesmo, preciosos.

Quando estava na quarta série, ganhei de meu avô meu primeiro relógio de pulso e com o presente a convicção de que estava ficando "grande", com maturidade suficiente para cuidar de um objeto importante. Até hoje tenho fetiche por relógios, não abro mão de usá-los, mesmo com celulares ou outros gadgets que mostram a hora, sem um relógio no pulso me sinto esquisita.

(Foto site oglobo.com/arquivo Edson Corrêa)

Andar de ônibus sozinha também foi um marco na minha vida. Saí de casa, em Copacabana, para a casa da minha avó, em Botafogo. Milhões de recomendações sobre conversar com estranhos e tempo cronometrado. Não tínhamos telefone em casa, então minha mãe calculou o tempo para ligar para a casa da minha avó pra checar que eu havia chegado bem.

Essas recordações não me despertam uma nostalgia pelo tempo que passou, quero apenas registrá-las como fatos relevantes para a minha vida é que, talvez, encontrem eco em outras pessoas. Cada época tem as suas importâncias e características.

Brincávamos mais na rua do que hoje; pelo menos em cidades grandes, fora de condomínios, acho quase impossível alguém deixar os filhos brincando de pique-esconde, pique-tá, chicotinho-queimado, pique-bandeira, elástico, etc. A gente ia pra rua, ficava amigo de outras crianças, tinha uma turma, mas na rua Dona Mariana, em Botafogo, casa da minha avó. Fico imaginando onde estarão meus amigos de brincadeiras cujos nomes quase não lembro: Katia, Sandra, Geiza, Paulo, sem sobrenomes, só identificados pela moradia. Engraçado, né?



Numa rua próxima havia uma casa onde moravam (?) vários lutadores de "telecatch", programa de lutas com muita palhaçada e tudo combinado, se não me engano patrocinado pelo Ron Montilla (acho que se escrevia assim). Claro que eu não fazia ideia de que era armação, fake. Lembro-me de sentar no chão e ficar assistindo em preto e branco, torcendo pelo Ted Boy Marino contra o Verdugo. E qual foi o meu espanto ao descobrir que todos moravam no mesmo lugar, que eram amigos! Aquilo deu um nó na minha cabeça. Santa ingenuidade!

Por hoje já resgatei muita coisa. Vou reorganizar essas lembranças porque elas têm me assaltado com bastante frequência e acho muito divertido poder colocá-las no papel.